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O maior desastre ambiental ocasionado pela mineração do mundo aconteceu no município de Mariana, Minas Gerais (MG), em 5 de novembro de 2015. Foram quase 300 mortes e, até hoje, muitos corpos ainda não foram encontrados. Em 2019, a mesma empresa responsável pelo desastre anterior causou mais uma catástrofe, dessa vez em Brumadinho (MG). A segunda tragédia é resultado, em primeiro lugar, da impunidade do desastre da primeira. Em qualquer país sério, os agentes públicos responsáveis e os executivos da empresa estariam presos.
Em 2024, o Brasil enfrenta outra tragédia ambiental, agora no Rio Grande do Sul. A culpa dos quase 200 mortos é de ninguém menos que Eduardo Leite, governador do Estado, que ignorou relatórios da Assembleia e da Defesa Civil, e também dos prefeitos e parlamentares, que destinaram uns trocados para a prevenção de desastres naturais. A culpa também é do governo federal, que insiste em colocar Marina Silva de escanteio e priorizar pautas tributárias, negociando cargos e pautas caras para a população. Com a omissão da fiscalização ambiental por parte dos Governos, o Ministério do Meio Ambiente deve intervir e dar à pasta a sua devida importância.
De que adianta o Brasil ter assinado o Acordo de Paris, ter uma das melhores leis ambientais do mundo, assumir liderança no G20, se na prática a única coisa que funciona no país é a proteção cega ao setor empresarial? A Justiça brasileira, morosa e ineficiente, envergonha a população servindo aos interesses da elite do atraso. Os governantes, omissos e incompetentes, preferem entregar os bens públicos quase que de graça à inciativa privada. Eles recebem o dinheiro, mas quem paga a conta são os brasileiros, que seguem com serviços básicos sucateados e vendo os culpados passarem impunes.
O mundo inteiro enfrenta ondas de calor, derretimento de geleiras e seca histórica de rios e afluentes. Tudo, porém, cai na conta do bicho-papão El Niño, fenômeno natural e recorrente de aquecimento das águas do Oceano Pacífico. Se o aquecimento global era uma preocupação nos anos 2000, a situação 20 anos depois é angustiadora.
No Brasil, a massa de ar quente sobre o Sudeste tem relação direta com o desmatamento da Amazônia. O choque da massa de ar quente com a massa de ar frio no país concentrou as chuvas no Rio Grande do Sul, ocasionando as enchentes. No Centro-Oeste, uma massa de ar quente e seco deixa o tempo estável e sem chuva. O Rio mais importante de Goiás também já está sendo afetado pela seca, com os bancos de areia bloqueando o curso d’água no Araguaia.
Nas últimas décadas, o Cerrado foi o bioma mais degradado do Brasil, com substituição da vegetação nativa, por meio da conversão do solo para a expansão da fronteira agropecuária. Isso afeta não somente os Estados a qual o bioma pertence, mas o clico de chuva em todo o país. Enquanto as chuvas aumentam no Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste enfrentam estiagem e seca.
Além da natureza, os representantes públicos costumam culpar o Fulano que não faz a separação do lixo, o Ciclano que gasta muito tempo no banho e o Beltrano que coloca fogo no lixo. Estão todos errados, é claro, mas a culpa tem que ser destinada aos verdadeiros culpados: os detentores do poder, seja ele público ou privado. As principais causas do aquecimento global estão ligadas às atividades humanas, incluindo a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) para energia e transporte, desmatamento e a produção de gases de efeito estufa associados ao agronegócio e à indústria.
Quem deveria fiscalizar o setor agroindustrial, é cúmplice. A situação no Brasil é tão crítica que além de não fazer nada para conter o aquecimento global, os políticos brasileiros ainda questionam sua existência, disseminam fake news e mudam até a lei para legitimar o desmatamento. O filho 02 do ex-presidente Bolsonaro, que por muito pouco não foi reeleito, é um dos principais agentes da desinformação acerca das mudanças climáticas. Enquanto isso, a população ainda segue brigando por Lula e Bolsonaro.
FONTE: JORNAL OPÇÃO