Sabendo que os automóveis equipados com motor flex aceitam tanto gasolina quanto etanol, vem a pergunta: com qual combustível é mais vantajoso abastecer o carro?
No começo, foi estabelecido que, se o valor do etanol fosse até 70% do preço da gasolina, abastecer com o combustível vegetal seria mais vantajoso. Porém, devido à evolução técnica dos motores e do próprio etanol hoje, essa proporção está diferente e pode chegar a até 75%, segundo o Instituto Mauá de Tecnologia.
Dessa forma, o etanol acaba tendo maior vantagem econômica na hora de abastecer. Mas, vale reforçar que o rendimento de cada carro é específico e deve ser levado em conta também a forma de condução dos motoristas.
Outra vantagem é que o etanol é mais sustentável. Por ser um produto renovável, produzido a partir da cana-de-açúcar e milho, ele tem uma queima mais limpa e reduz em até 90% as emissões de gases que agravam o efeito estufa.
Por esse motivo, reduz até o índice de doenças respiratórias, principalmente nos grandes centros urbanos. O Brasil, atualmente, é o segundo maior produtor desse combustível.
No início deste ano, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) lançou uma campanha para estimular o consumo de etanol e acelerar a transição energética no Brasil.
O apelo se torna necessário ao levar em consideração que, em 2023, o planeta entrou em ebulição com mais da metade dos dias com temperatura acima do “normal”.
Tema central de fóruns econômicos e ambientais
Ao longo de 2023, o biocombustível etanol foi tema central de alguns dos principais fóruns econômicos e ambientais do mundo. Em setembro, por exemplo, durante a reunião de cúpula do G-20, em Nova Déli, Brasil, Índia, Estados Unidos e outros 19 países e 12 organizações internacionais lançaram a Aliança Global para Biocombustíveis.
A missão da aliança é fomentar o uso de biocombustíveis no mundo, no sentido de conter o aquecimento global e os efeitos dele. O projeto ainda tem o objetivo de fomentar a produção sustentável e o uso de biocombustíveis no mundo, tendo o Brasil como uma das referências em tecnologia e boas práticas.
A estratégia da aliança é criar um “cinturão de bioenergia” na zona tropical, para disseminar a produção e o consumo dos biocombustíveis, com ênfase para o etanol, biodiesel, biometano e bioquerosene de aviação.
A aliança não se restringe ao transporte terrestre. Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), 65% do corte de emissão da aviação virá da substituição do combustível fóssil atualmente utilizado nas aeronaves pelo Combustível Sustentável de Aviação (SAF).
No ano passado, a produção global de SAF alcançou 300 milhões de litros, uma fração dos 450 bilhões de litros necessários para atender à demanda da indústria em 2050.
Já durante a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP28, nos Emirados Árabes, o acordo final mencionou a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, abrindo uma grande oportunidade para os biocombustíveis.
Para o CEO da Unica, Evandro Gussi, a economia brasileira é a primeira sustentável com base em biocombustíveis do mundo. “Nossa indústria é um modelo a ser, e tem sido, copiado por outros países”, reforça.
Etanol x vida útil do motor
Ao contrário do que se propaga, o etanol não prejudica o motor dos carros flex. Pelo contrário, o biocombustível mantém as características de novo do motor por mais tempo, além de aumentar a potência do mesmo.
O motor Flex foi desenvolvido há 20 anos e projetado para funcionar em perfeitas condições, tanto com a gasolina quanto com o etanol.
Veja alguns mitos sobre a relação entre o etanol e o motor de automóveis:
1. O etanol entope os bicos injetores, os gicês do carburador, a bomba injetora, e resseca as mangueiras e todo o sistema injetor.
FALSO!
Desde a metade da década de 1980, os desafios foram superados com o revestimento de níquel químico nos carburadores e bombas de combustíveis, tratamentos de zinco nos tanques de combustível e sistema de escapamento.
A evolução continuou nos motores flex fuel: as peças como as válvulas e bicos injetores, bombas de combustível, filtros, tubulações e mangueiras já tinham materiais como borrachas e revestimentos resistentes aos processos corrosivos do etanol.
2. O etanol eleva o gasto com manutenção do carro.
FALSO!
O biocombustível só proporciona benefícios à mecânica dos carros, então não eleva o custo de manutenção.
3. O uso do etanol reduz a vida útil do motor no geral.
FALSO!
A redução da vida útil do motor, no geral, não tem a ver com o combustível utilizado, mas com as revisões e manutenções periódicas. Menos manutenções refletem numa vida menor do motor.
Produção
Os principais produtores de etanol no mundo são os Estados Unidos e o Brasil. Os estadunidenses produzem mais da metade do etanol mundial, enquanto o Brasil, aproximadamente 30% desse índice.
No ciclo 2023/24, houve avanço na produção do combustível, que registrou recorde histórico de produção no Centro-Sul, com destaque para o impressionante aumento de 1,83 bilhão de litros de biocombustível produzidos a partir do milho de segunda safra.
No total, as unidades do Centro-Sul produziram 33,59 bilhões de litros do renovável. Trata-se de uma alta expressiva de 16,16% em relação ao volume da última safra (28,92 bilhões de litros) e crescimento de 1,01% na comparação com o recorde anterior de produção, no ciclo 2019/2020 (33,26 bilhões de litros).
Do volume total, foram fabricados 13,10 bilhões de litros de etanol anidro, aumento de 6,61% em relação ao total do último ciclo, que era até então o volume recorde de produção do aditivo.
Já a produção de etanol hidratado, registrou 20,49 bilhões de litros, aumento de 23,23% ou 3,86 bilhões de litros em relação aos 16,62 bilhões de litros contabilizados na safra anterior.
Fonte: Metrópoles